domingo, março 05, 2006

9. membros

princípio ativo com 140 membros nesse momento
[no orkut, claro]

8. a viagem

outro dia eu e o desenho olhamos a novela da dinah. aquela q dá de tarde. a gente lembrava vagamente da história, pq assistimos da outra vez q passou, nos anos 90. o desenho lembrava q a dinah (cristiane torloni) era cobiçável. eu só lembrava q era muito legal essa novela.aí assistimos. só q a dinah era feia, na verdade. se vestia com roupas super cafonas, largas e leves. aliás, todas as personagens femininas parecem se vestir assim. pelo menos as do núcleo rico e bem resolvido. a dinah, a cunhada da dinah, a mãe da dinah... todas se vestem assim.e os homens do núcleo rico, cujo principal representante é otávio jordão (antonio fagundes) seguem a mesma linha - só q não com vestidos largos e leves, mas sim com o moletom AMARELO jogado nos ombros. a sensação q deu é q todas as pessoas estavam fora de moda. mas fora de moda de forma gritante, evidente, de modo q até mesmo alguém como EU se deu conta da cafonisse das pessoas. os cabelos eram praticamente intoleráveis. o mais ridículo, no entanto, era a banda: muitos, muitos roqueiros numa garagem. para mostrar aos telespectadores q se tratava de uma banda de rock, optou-se por um visual que incluia bandanas, calças estampadas com bandeirinhas dos estados unidos, óculos com lentes coloridas e cabelos longos e/ou arrepiados. as camisetas eram invariavelmente rasgadas. claro, era uma banda rock.

- cara, eu penso q a nossa banda tem tocar rock pauleira.
- ah, eu já acho q tem q ser música brasileira. eu acho q não tem nada a ver tocar música americana.

entra um terceiro personagem na conversa, q conclui o impasse de forma inquestionável:

- olha só: o público gosta de todo tipo de música... então eu acho q a gente tem q agradar o público e tocar um pouco de tudo nos shows... um pouco de música americana, um pouco de rock pauleira e um pouco de pagode. só assim a gente vai ficar famoso.
os outros, em coro:

- é isso aí, cara!! então vamos ensaiar!!!

domingo, novembro 06, 2005

7. bourdieu em alvorada?!

"não contentes em não deter pelo menos alguns dos conhecimentos ou maneiras valorizados no mercado dos exames escolares ou das conversas mundanas e em não possuir senão habilidades ou saberes que não têm nenhum valor nesses mercados, não contentes, em resumo, em estar despojados do saber e da boa educação, eles são ainda aqueles que 'não sabem viver', aqueles que mais se sacrificam pelos alimentos materiais, e pelos mais pesados, mais grosseiros e os que mais engordam - pão, batatas e gorduras - pelos mais vulgares também, como o vinho; aqueles que destinam menos ao vestuário e aos cuidados corporais, aos cosméticos e à estética; aqueles que 'não sabem descansar', que 'encontram sempre alguma coisa para fazer'; que vão fincar sua barraca nos campings superpovoados, que se instalam para fazer piquenique à beira das estradas, que se metem com seu renault 5, ou seu simca 1000 nos engarrafamentos das saídas de férias, que se dedicam aos lazeres pré-fabricados concebidos em sua intensão pelos engenheiros da produção cultural em massa; aqueles que, por todas essas escolhas tão mal inspiradas, confirmam o racismo de classe, se for preciso, na convicção de que não têm senão aquilo que merecem."

sábado, outubro 29, 2005

6. pegadinhas documentais

meus amigos oitocentistas armaram pegadinhas idiotas pra cima de mim.
estou fichando as atas das sessões ocorridas no ano de 1872, que foram publicadas na Revista do IHGRGS. meu interesse maior são os nominhos deles, é saber quem é quem, me familiarizar com cada um e amá-los como eu amo a mim mesma. então nos fichamentos, além de informações genéricas sobre os assuntos tratados em cada reunião, anoto os nomes de cada um que estava presente (é uma prosopografia, né...). quem escrevia as atas era o augusto RODRIGUES totta, segundo secretário da sociedade. sempre que acabava de escrever o que tinha acontecido na reunião, ele assinava, obviamente, augusto RODRIGUES totta. afinal, esse era o NOME dele.
até o dia em que ele assinou augusto ROIZ totta. certamente pensou que seria LEGAL fazer isso. posso imaginar sua carinha serelepe pensando em como ia sacanear os futuros historiadores do partenon, tendo MUITA consciência da importância da sociedade e SABENDO que, com sorte, somente as atas restariam como fontes daquele período.
não se contentando em alterar o seu PRÓPRIO nome numa ata de uma reunião que, suponho, ele levava a sério, escreveu diversas vezes errado o nome do apolinário josé GOMES porto alegre. por que ele escrevia apolinário josé DE OLIVEIRA porto alegre??? tá, vamos supor que o totta, mesmo convivendo diariamente com o apolinário, NÃO SOUBESSE o sobrenome do cara. mas por que raios o apolinário ASSINOU essa ata VENDO QUE SEU PRÓPRIO NOME ESTAVA ESCRITO ERRADO???
uma hipótese bem plausível suscitada pelo desenho é que eles tivessem o hábito de fazer PIADAS com sobrenomes alheios, por acharem engraçados os sujeitos chamados, por exemplo, DE ALMEIDA. ou PARANHOS. ou, no caso, DE OLIVEIRA. deste modo, davam sempre um jeito de introduzir o sobrenome DE OLIVEIRA em situações inusitadas, com o objetivo de provocar risos nos presentes.
outra possibilidade é que o totta e o apolinário fossem inimigos, digamos, por amarem a mesma mulher. apolinário, em um baile da soirée porto alegrense, enquanto o mendanha tocava a segunda valsa, tirou a moça pra dançar. dois-pra-lá, dois-pra-cá, conseguiu impressionar a garota com seu vocabulário rebuscado e suas poesias recitadas ao pé do ouvido. antes do mendanha encerrar a música, papou a menina.
totta jamais conseguiu lidar com o fato de ter perdido uma gatinha para um sujeito tão mal apessoado como apolinário, unicamente porque este era mais inteligente. no entanto, acreditava ser absolutamente deselegante para um rapaz da alta partir para vingacinhas escancaradas, que além de tudo trariam a público seu fracasso enquanto homem. decidiu que sua vingança só deveria ser notada na longa duração: iria apagar para sempre o nome de apolinário dos anais da história, alterando apenas o sobrenome do meio, para que seu oponente não se desse conta ao assinar as atas.
mas talvez eles nunca tenham disputado mulher nenhuma e a história tenha sido outra. talvez aqueles tenham sido tempos difícios para o batalhador apolinário. fora justamente em 1872 que descobrira que seu pai não era o GOMES, homem honesto, por quem havia sido criado. não. apolinário encontrou uma carta do bom gomes da época em que este lutava na revolução farroupilha. o gomes escrevera para a esposa, mãe de apolinário, lamentando que estivessem separados há um ano e meio e dizendo que a saudade era muita, que ainda lembrava de seu rosto como em 1842. então apolinário juntou tudo: como estariam separados há tanto tempo se ele havia nascido em 1844?! só havia uma resposta: o DE OLIVEIRA era seu pai.
muito abalado, apolinário buscou o apoio dos amigos, que lhe aconselharam a aceitar a verdade com alegria. para ajudar no processo de aceitação, passou a assinar com o sobrenome de seu veradeiro pai.
quem sabe?

sábado, outubro 22, 2005

5.

o projeto finalmente se aproxima da conclusão. não é pra menos, o prazo final para entrega já está aí. ainda não delimitei o grupo que vou estudar. não totalmente, pelo menos. a lista logo aqui embaixo está pra lá de superada. já tenho quase 200 agora.
o projeto do marcus também está na reta final e vou deixar pra ele uma diquinha (que é também uma assombração):


apertou, marquito? é pra apertar mesmo. te assusta e vai ler isso.

quarta-feira, setembro 21, 2005

4. os nomes

por enquanto, são 164 nomes que pretendo acompanhar. podem surgir mais. ei-los:

  1. a. guanabara
  2. afonso luís marques
  3. alberto coelho da cunha
  4. alencar
  5. alexandre bernardino de moura
  6. alfedo de freiotas chaves
  7. alfredo gonzaga
  8. alfredo luiz de mello
  9. amália dos passos figueroa
  10. amaro da silveira
  11. amélia de souza
  12. antonio antunes ribas
  13. antonio da costa pinto da silva
  14. antonio ferreira neves
  15. antonio palmeiro
  16. apeles porto alegre
  17. apolinário porto alegre
  18. apolinário teixeira
  19. aquiles porto alegre
  20. argemiro galvão
  21. artur candal de carvalho
  22. artur da rocha
  23. artur de lara ulrich
  24. augusto ernesto estrela de villeroy
  25. augusto fausto souza
  26. augusto luiz
  27. augusto totta
  28. aurélio py
  29. aurélio viríssimo de bittencourt
  30. avelina barém
  31. azevedo júnior
  32. benjamin villas boas
  33. bernardo taveira junior
  34. bibiano francisco de almeida
  35. caldre e fião
  36. candida isolina de abreu
  37. carlos barrão
  38. carlos barth
  39. carlos de lavra e pinto
  40. carlos eugênio fontana
  41. carlos ferreira
  42. carlos thompson flores
  43. carlos von koseritz
  44. conde de porto alegre
  45. cônego josé de noronha nápoles massa
  46. cônego josé gonçalves viana
  47. crescentino de carvalho
  48. cristiano kraemer
  49. damasceno vieira
  50. dom sebastião dias laranjeira
  51. domingos vazelotti
  52. eduardo salomé
  53. elpídio lima
  54. erico da costa
  55. ernesto dos santos paiva
  56. ernesto silva
  57. estulano de melo
  58. eudoro brasileiro berlink
  59. f. de a. vale machado
  60. f.c. de san tiago dantas
  61. fernando ferreira gomes
  62. fernando osório
  63. filipe néri
  64. firmino antonio de araújo
  65. francisco antunes ferreira da luz
  66. francisco da natividade franco
  67. francisco de paula sarmento mena
  68. francisco de paula soares
  69. francisco homem de melo
  70. francisco isidoro de sá brito
  71. francisco santamini
  72. francisco xavier da cunha cunha
  73. franco bueno
  74. frederico ernesto estrela de villeroy
  75. gabriel fay
  76. gaspar guimarães
  77. geraldo de faria correa
  78. graciano alves de azambuja
  79. gusrtavo de castro
  80. gustavo césar viana filho
  81. heitor remígio
  82. hilário de andrade e silva ribeiro
  83. homero batista
  84. horácio maisonette
  85. inácio de vasconcelos ferreira
  86. j.j. machado de miranda
  87. joana gorriti
  88. joão batista pereira souto
  89. joão capistrano de miranda e castro
  90. joão carvalho de barcelos
  91. joão da cunha lobo barreto
  92. joão da cunha lobo barreto filho
  93. joão de arapujo castro ramalho
  94. joão jospe rodrigues da silva
  95. joão moreira da silva
  96. joão vespúcio de abreu e silva
  97. joaquim alves torres
  98. joaquim francisco de assis brasil
  99. joaquim gonçalves chaves
  100. joaquim moreira
  101. jorge pereira da costa
  102. josé bernardino dos santos
  103. josé da silva de sá brito júnior
  104. josé teodoro de miranda
  105. josé teodoro de souza lobo
  106. josé tomé salgado
  107. júlio cesar leal
  108. júlio césar ribeiro de souza
  109. júlio de castilhos
  110. leopoldo de feritas
  111. lima castro
  112. lobo barreto filho
  113. lobo da costa
  114. luciana de abreu
  115. luciano mariz
  116. lúcio brasileiro cidade
  117. lúcio porto alegre
  118. luís alves leite de oliveira belo filho
  119. luis kraemer walter
  120. luís motta
  121. luísa de azambuja
  122. luiz de frança almeida e sá
  123. m. a. da silva albuquerque
  124. m. alves de paula
  125. manoel correa da silva neto
  126. manoel isidoro de sá brito
  127. manuel correa dias
  128. manuel gomes viana
  129. manuel josé gonçalves júnior
  130. manuel miller
  131. manuel pereira da silva ubatuba
  132. manuel ribeiro de andrade e silva
  133. manuel veloso paranhos paderneiras
  134. maria josé coelho
  135. maria luíza leal
  136. menezes paredes
  137. miguel de werna
  138. miguel pereira de oliveira meireles
  139. múcio teixeira
  140. napoleão poeta
  141. nicolau vicente ferreira
  142. norberto basques
  143. o. ornano
  144. padre teixeira
  145. pedro antonio da silva horta
  146. pedro antonio de miranda
  147. pedro tude
  148. ramiro de araújo
  149. revocata heloísa de melo
  150. sebastião horta
  151. sequeira coutinho
  152. severo borba
  153. silvino vidal
  154. souza motta
  155. terêncio miranda
  156. timotéo faria correa filho
  157. tollone júnior
  158. trajano cesar
  159. vasco de araújo e silva
  160. vasco de azevedo
  161. vasco de azevedo júnior
  162. victorino josé dos santos azevedo
  163. zeferino vieira rodrigues
  164. zulmira silveira
o difícil vai ser saber se todos esses realmente eram membros do grupo. também vai ser difícil saber se outros, que não estejam nessa lista, também pertenceram ao grupo.

3. apolinário porto alegre


uma das minhas múmias oitocentistas atende pela alcunha de apolinário porto alegre. ele era bastante feio (e a foto ao lado não deixa dúvidas), no entanto isso não foi impedimento pra ser um dos caras mais respeitados intelectualmente em porto alegre. bom, de repente até foi pelo fato de ele ser tão feio que a única maneira encontrada pra se destacar foi intelectualmente mesmo. o apolinário mereceu um capítulo só pra ele no livro do guilhermino cesar, história da literatura no rio grande do sul além de um monte de outros trabalhos mais recentes.
ele é uma figura intrigante. o jonas me falou que foram encontrados alguns registros de compra e venda de imóveis em que aparece o nome dele, sempre envolvido em diversas transações bem polpudas. mas, até onde eu sei, viveu sempre nos subúrbios úmidos de porto alegre e morreu miseravelmente na santa casa. além disso, de onde esse cara tirou dinheiro para as compras que fez? ele era professor!
bem, apesar de intrigante, apolinário não é o meu foco principal no momento. minha questão maior agora é delimitar um grupo de prosopografáveis justificável.

terça-feira, setembro 20, 2005

2. o jonas e o marcus


o jonas eo marcus são duas fofuras de bochechas proeminentes que estão sempre junto comigo nessa incursão prosopográfica. o trabalho é meu, mas o jonas e o marcus são bonitinhos e legais, então estou sempre com eles e eles estão sempre me dando dicas. espero que eles não se incomodem com essa fofíssima fotinho que valoriza suas majestosas bochechas.
o jonas pesquisa uns deputados (ou magistrados?!) do mesmo período que eu e, como eu, também entrou nessa de prosopografia. já o marcus apostou num tema mais descontraído de pesquisa e resolveu estudar o carnaval em porto alegre. e escolheu o século XX, o que entendo perfeitamente, pois a documentação já não é mais insuportavelmente manuscrita, nem lamentavelmente empoeirada. duvido que o marcus esteja pesquisando ou estudando agora, por exemplo.

1.

reconstituir as trajetórias de cerca de 160 pessoas que viveram em porto alegre, no século xix, é o que eu pretendo fazer. o que une essas pessoas é a presença comum em uma associação de muito sucesso por aqui naquela época: o partenon literário. era literário, mas era sobretudo político, eu penso. através da literatura difundia idéias republicanas, abolicionistas e de emancipação feminina.
não há como saber com precisão quem eram, exatamente, os membros dessa sociedade, pois não restou documentação que comprove esses dados. parto desses 160 nomes que me chegaram através de alguns compêndios de literatura sul-riograndense e agora tento persegui-los como um ginzburg atrás de 160 menoccios.